terça-feira, 24 de setembro de 2013

Salve Vovó Maria Conda Da Bahia


De onde ela veio? Angola, Congo, Moçambique, Guiné, Luanda, não importa, pois a sua presença representa um lenitivo para as nossos sofrimentos e uma lição de vida daquela preta velha, que com o seu cachimbo branco, saia carijó, terço de lágrimas de nossa senhora, senta-se em um toco de madeira no terreiro e conta os fatos de sua vida em terra brasileira, começando dizendo que só o fato de podermos conviver com nossos filhos é uma grande dádiva. Vinda da África distante, filha de Pai Rei Congo e Vovó Cambinda, chegou à Bahia pelos navios tumbeiros a escrava que foi dado o nome de Maria. Como sua origem era da tribo do Rei do Congo, foi chamada de Maria Conga. Naquele tempo as negras eram coisas e destinadas a cuidar da lavoura, a procriar, a gerar filhos que delas eram afastados muito cedo, até mesmo antes de serem desmamados. Outras negras alimentavam sua cria ou de outras escravas, assim como tantos outros candengues foram amamentados pela Vovó Maria Conga. Quase todas as mulheres escravas se transformavam em mães; cuidavam das crianças que chegavam à fazenda sem saber para onde foram enviados os seus pais, rezando para que seus próprios filhos também encontrassem alento aonde quer que estivessem. Os orixás africanos, desempenhavam papel fundamental nesta época. Diferentes nações africanas que antes guerreavam, foram obrigadas a se unir na defesa da raça e todos os orixás passaram a trabalhar para todo o povo negro. As mães tomavam conhecimento do destino de seus filhos através das mensagens dos orixás. Eram eles que pediam oferendas em momentos difíceis e era a eles que todos recorriam para afastar a dor. Vovó Maria Conga para deixar de ser uma reprodutora passou a se utilizar de algumas ervas, e pelo fato de ser uma escrava forte, foi enviada para a plantação de cana, onde a colheita era sempre motivo para muito trabalho e uma espécie de algazarra contagiava o lugar, pois as mulheres cortavam a cana e as crianças, em total rebuliço, arrumavam os fardos para que os escravos os carregassem até o local indicado pelo feitor. Foi numa dessas ocasiões que Maria Conga soube que um dos seus filhos, afastado dela ainda no período de amamentação, tinha se tornado um escravo forte e trabalhava numa fazenda próxima. Então o amor falou mais forte e seu coração transbordou de alegria e nada poderia dissuadi-la da ideia de revê-lo. Passou Maria Conga a escapar da fazenda, correndo de sol a sol, para admirar a beleza daquele forte negro. Nas primeiras vezes não teve meios de falar com ele, mas os orixás ouviram suas súplicas e não tardou para que os dois pudessem se abraçar e derramar as lágrimas por tanto tempo contidas. Parecia a ela que eles nunca tinham se afastado, pois o amor os mantivera unidos por todo o tempo. Certa tarde, quase chegando na senzala, à negra foi descoberta. Apanhou bastante, foi acorrentada, mas sempre conseguia passar os seus pés pelos grilhões e não deixou de escapar novamente para reencontrar seu filho. Mais uma vez os brancos a pegaram na fuga, novamente a acorrentaram com os grilhões nos pés e como ela ainda insistisse uma terceira vez resolveram encerrar a questão: queimaram sua perna direita, um pouco acima da canela, para que ela não mais pudesse correr.
Impossibilitada de ver o filho, com menor capacidade de trabalho e locomoção,  Maria Conga começou o seu lamento de dor e passou a cuidar das crianças negras e de seus doentes. De repente, Maria Conga foi encontrada calada, triste, com o coração cheio de tristeza ao saber que seu filho tinha sido morto quando tentava fugir para vê-la. Seu comportamento mudou e de alegre e tagarela passou a ser muito séria, mas sempre cuidava dos escravos doentes e de outros negros que vinham procurar o seu conselho e contava histórias de reis negros para as crianças, de outras terras além mar, onde não havia escravidão. Um dia os escravos ao procurar pela Vovó Maria Conga dentro da senzala, estranharam o seu sono sereno e o seu semblante alegre ao dormir. Como o sol rompeu e a escrava não acordava os escravos a foram chamar, foi onde houve a surpresa, não encontraram o corpo, pois Maria Conga desencarnou e não mais estava neste plano terrestre, pois Orumilá a havia resgatado, para se tornar mais uma estrela da sua constelação. De nada adiantou os feitores açoitarem os escravos, pois os mesmos não sabiam como explicar o sumiço da escrava Maria Conga. Então os escravos passaram a adorar como uma santa e toda vez que necessitavam das suas curas , entoavam:
Brilhou uma estrela no céu
Oxalá mandou Maria Conga na terra
E lá no mar as ondas batiam, saravando a preta velha Maria Conga da Bahia.”

domingo, 29 de abril de 2012

Hino dos Orixás

Umbanda Querida

Fundadora: Maria Silvestre de Sales

            Mais  conhecida como dona Lilica, nasceu em São Sebastião do Soberbo –MG  e nos deixou  aos 69 anos, em fevereiro de 2011.
            Entregue para adoção a patroa de sua mãe, Lilica iniciou na umbanda aos 10 anos de idade por esta senhora que já não suportava mais  socorrê-la com tantas crises de sangue pelo nariz.
            Foi levada um terreiro de umbandomblé  na região da floresta à época  dirigido pelo babalorixá  pai Didi (Francisco) e sua esposa dona Odila. Lá se desenvolveu e serviu  bom tempo.
            Se casou com a promessa do esposo de ajudá-la na umbanda inclusive de construção de um  cômodo fora da casa no qual pudesse  trazer sua preta velha (Maria Cambinda) , que era muito procurada para benzeduras e conselhos pelas pessoas das redondezas.
            Infelizmente, como suas própias entidades haviam alertado, seu esposo  além de não cumprir a promessa ainda se tornou contrário a  umbanda e fez de tudo para impedi-la  de prosseguir. Lilica chegou ao ponto de continuar às escondidas dele por um tempo.
            Com o falecimento dele, o sonho de ter um local em que pudesse receber as muitas pessoas que a procuravam fundou  a Casa de Umbanda Mãe Maria Cambinda  que funciona no mesmo endereço a 22 anos.
É um local  muito humilde e singelo  mas sempre  a disposição  da caridade e da Umbanda assim como Lilica sempre foi em vida.
            Lilica, estava  sempre pronta a ajudar a todos que ali chegavam através de suas entidades, ninguém saia dali sem  levar dela uma palavra amiga e um largo e sincero sorriso na lembrança. 
            Como diria a própia,  a Umbanda  é uma missão de amor, e é CUMPRIIIIIIIIIIIDA........ 
                                                                                                           “Bença mãe!”